A LÁGRIMA
(Risus abundat in ore stultorum)
Neumar de Abreu Monteiro Silveira
Na primavera dos meus sonhos mais belos encontrei-me, um dia, com uma lágrima.
E perguntei-lhe enraivecida:
Por que me persegues? Que queres de mim?
Vai-te embora daqui, que não preciso de ti!
Volta ao lugar de onde vens, pois nesta terra és temida e odiada por todos. Esquece a humanidade!
Quero desta vida somente as alegrias e os risos.
Deixa-me, portanto, em paz!
E a lágrima, sentida, respondeu-me:
“Deslizei dos olhos de Cristo, no Calvário, quando Ele, expirando na cruz, pediu ao Pai a redenção dos homens”.
SOU RENDENTORA!
Morei nos olhos de Maria, quando Ela chorou pelo seu Santo Filho.
SOU SANTA!
Beijei a face de Madalena, no momento em que ele a perdoou.
SOU SALVAÇÃO!
Vivo nos olhos felizes das mães que recebem os filhos pródigos que regressam ao lar.
SOU PERDÃO!
Morro a cada dia com a morte e renasço a toa hora com a vida.
SOU RESSURREIÇÃO!
Sou o lenitivo da saudade, o primeiro vagido de quem nasce e a derradeira emoção do amor.
Sou, também, a tristeza da partida e a alegria do regresso.
Habito os casebres mais humildes, misturada ao pó, e os castelos dos nobres, entre faustos e riquezas.
Estou e estarei sempre presente no homem, desde Eva até o fim dos tempos !
Pobre Humanidade, que não entende a nobreza do pranto!”
Calou-se, enfim, a lágrima sentida.
Calei-me também, comovida e grata.
E minhalma, aprisionada no sepulcro de atávicos temores, revivesceu feliz no pranto libertador e puro que banhou meu rosto!.
(Risus abundat in ore stultorum)
Neumar de Abreu Monteiro Silveira
Na primavera dos meus sonhos mais belos encontrei-me, um dia, com uma lágrima.
E perguntei-lhe enraivecida:
Por que me persegues? Que queres de mim?
Vai-te embora daqui, que não preciso de ti!
Volta ao lugar de onde vens, pois nesta terra és temida e odiada por todos. Esquece a humanidade!
Quero desta vida somente as alegrias e os risos.
Deixa-me, portanto, em paz!
E a lágrima, sentida, respondeu-me:
“Deslizei dos olhos de Cristo, no Calvário, quando Ele, expirando na cruz, pediu ao Pai a redenção dos homens”.
SOU RENDENTORA!
Morei nos olhos de Maria, quando Ela chorou pelo seu Santo Filho.
SOU SANTA!
Beijei a face de Madalena, no momento em que ele a perdoou.
SOU SALVAÇÃO!
Vivo nos olhos felizes das mães que recebem os filhos pródigos que regressam ao lar.
SOU PERDÃO!
Morro a cada dia com a morte e renasço a toa hora com a vida.
SOU RESSURREIÇÃO!
Sou o lenitivo da saudade, o primeiro vagido de quem nasce e a derradeira emoção do amor.
Sou, também, a tristeza da partida e a alegria do regresso.
Habito os casebres mais humildes, misturada ao pó, e os castelos dos nobres, entre faustos e riquezas.
Estou e estarei sempre presente no homem, desde Eva até o fim dos tempos !
Pobre Humanidade, que não entende a nobreza do pranto!”
Calou-se, enfim, a lágrima sentida.
Calei-me também, comovida e grata.
E minhalma, aprisionada no sepulcro de atávicos temores, revivesceu feliz no pranto libertador e puro que banhou meu rosto!.
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Neumar é lídima representante da cultura de nossa terra. É poeta, trovadora, cronista, professora, compositora, membro de diversas entidades culturais, além de competente funcionária do judiciário fluminense. É destaque da Academia Bonjesuense de Letras.
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