GESTÃO DE SONHOS
Alberto Bittencourt*
Alberto Bittencourt*
A cada ano, tem início no mês de julho um novo ciclo de esperança. Trocam-se os administradores dessa poderosa fábrica de sonhos que é o Rotary.
A cada gestão que toma posse novos sonhos são gerados, em substituição aos sonhos concretizados. Outros sonhos não terminados ressurgem, revigorados, energizados, dando continuidade aos planos e programas, numa estratégia única no mundo, que assegura uma produção ininterrupta de sonhos e realizações como só no Rotary soe acontecer.
Passando o bastão, uma legião de novos gestores de sonhos começa o mandato. A fábrica não pode parar. Esta é uma fábrica especial. Ela não tem dono, ela não pertence a ninguém, ela é de todos.
As máquinas produtoras de sonhos continuam aquecidas, operadas pelas mãos, coração e razão de competentes e comprometidos operários espalhados pelo mundo.
A fonte de energia que alimenta os poderosos geradores de sonhos está no altar do pensamento, sentimento e vontade dos rotarianos. No mesmo altar onde oculto mora o deus interior de cada ser.
O produto fabricado são sonhos que se sonha acordado. São os sonhos de um mundo melhor, de um mundo sem violências, sem guerras, sem injustiças, sem fronteiras, onde todos sejam verdadeiramente irmãos. Um mundo em que as crianças crescem sadias e perfeitas, com amor e dignidade.
Mas é preciso disciplina na gestão dos sonhos. É mister seguir certos parâmetros para garantir a eficiência e a qualidade da realização:
1) PLANEJAMENTO E PREPARAÇÃO.
Ninguém melhor do que Amyr Klink, o navegador solitário, para nos ensinar o valor do planejamento na gestão dos sonhos. Um dia ele teve um sonho. Sonhou ser o primeiro homem a atravessar o oceano Atlântico num pequeno barco a remo. “Impossível”, disseram alguns. “Você vai morrer”, exclamaram outros. “Ninguém consegue atravessar o Atlântico num bote a remo, usando a força dos braços”, clamaram todos. Amyr Klink respondia que não iria atravessar o Atlântico com a força de braços e sim com a força da inteligência. Do sonho, passando pelo projeto, até a etapa operacional, ele pensou em tudo, estudou, planejou e executou nos mínimos detalhes. Aproveitou a força das correntes marinhas, a força das marés e dos ventos para chegar vitorioso ao seu destino. Longe de ser um aventureiro, preparou-se até mesmo para os imprevistos que poderiam acontecer.
Outro exemplo é o caso daquele padre no sul do país. Ele também teve um sonho. Queria entrar para o livro Guiness de Recordes como autor do maior voo jamais realizado, içado apenas por balões de gás. Na tentativa de chamar atenção da mídia e arranjar recursos para suas obras paroquiais, lançou-se no espaço. Questionado que o céu estava encoberto, respondeu: “Isso não é problema, voarei acima das nuvens”. A aventura mal planejada e mal preparada terminou em tragédia. Quando os ventos o arrastaram na direção do mar, tentou comunicação pelo celular. Chegou a pedir instruções sobre como usar o GPS. Só podia dar no que deu. Até hoje seu corpo não foi encontrado.
2) PERSISTÊNCIA E CRIATIVIDADE
Quando todos disseram a Amyr Klink que ondas de até 25 metros fariam seu pequeno barco capotar, ele não desistiu. Após inúmeras tentativas, sem sucesso, de projetar um barco que não capotasse, usou da criatividade e projetou um barco que capotasse.
3) DECISÃO E ATITUDE
“Existe um tempo para planejar e um tempo para partir”, disse Amyr Klink. Há pessoas que planejam, planejam, planejam e nunca partem. Porém chega um momento em que se tem que começar. O tempo urge, a vida é efêmera. A perfeição chega depois, durante a operação. “O momento ideal é não esperar pelo momento ideal”, disse Livingstone.
4) DINHEIRO E PATROCÍNIO
A gestão de sonhos implica obter os recursos necessários à sua realização. Todo gestor de sonhos deve buscar o apoio de possíveis patrocinadores. O rotariano não deve ter vergonha de pedir. Ele tem credibilidade, pois todos sabem que o dinheiro é para uma justa causa. Pode pedir mil e conseguir cem, mas já é uma vitória.
Nada de caridade, por favor. O gestor de sonhos nunca deve se apresentar como um pedinte, mas sempre como um vitorioso.
5) DELEGAR OU MORRER
Sozinho ninguém consegue levar um sonho adiante. Desde o projeto até a operação, tudo é um trabalho de equipe. Embora viajasse sozinho, Amyr Klink sempre contou com eficiente equipe de apoio, mesmo à distância. É importante delegar as tarefas, do contrário, o sonho pode morrer.
Para delegar, é preciso instruir; fornecer os meios, os recursos materiais e humanos; acompanhar; corrigir rumos; avaliar e por fim recompensar as equipes.
6) CORRER RISCOS
Todo sonho envolve riscos. Riscos bem calculados são mais fáceis de superar. É celebre a frase de Theodore Roosevelt:
“É preferível arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito, que não gozam muito, nem sofrem muito, porque vivem na penumbra obscura dos que não conhecem nem vitória nem derrota.”
7) PENSAR GRANDE
Amyr Klink nos ensina: “Não custa nada pensar grande. Pensar grande significa pensar além de seu próprio tempo, pensar no tempo dos outros, dos que virão depois de nós.”
Olhem para a frente. Há uma longa estrada a caminhar para chegar no horizonte. Visualizem sempre o sucesso. Não há o que temer. Tenham confiança, fé e acreditem no poder dos sonhos, pois segundo Fernando Pessoa:
“Deus quer, o homem sonha e a obra nasce.”
E lembrem-se: “O Futuro do Rotary está em suas mãos!”
* Alberto Bittencourt é engenheiro, rotariano e ativista social. Pertence ao Rotary Club Recife Boa Viagem. Governador do Distrito 4500, em 2004-05.
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