5 de outubro de 2009

Pedalando rumo ao atendimento médico





Pedalando rumo ao atendimento médico
Por Nicole Charky Rotary Canadá -- Outubro de 2009


Voluntária verifica a pressão dos pneus durante uma sessão de manutenção. Foto cedida por BEN Namibia


Oito homens namibianos atravessam o deserto. Quatro deles carregam um ferido em uma maca.


Os outros quatro andam ao lado esperando que os primeiros fiquem cansados. Quando isto acontece, eles trocam e seguem pelo caminho acidentado.


É assim que os habitantes da região rural da Namíbia chegam a um hospital. A quilômetros do posto de saúde mais próximo, pessoas com HIV/AIDS com frequência deixam de receber tratamento porque não dispõem de meio de transporte ou dinheiro para contratar um veículo particular.


Hoje em dia, entretanto, mesmo os namibianos que moram nas regiões mais remotas estão conseguindo chegar a postos de saúde e receber atendimento médico graças às bicicletas-ambulâncias.


A Bicycling Empowerment Network (BEN) da Namíbia é uma organização sem fins lucrativos que vem fornecendo bicicletas como meios de transporte, e que lançou o projeto das bicicletas-ambulâncias ao notar que muitos funcionários da área de saúde usavam o compartimento de bagagem de suas bicicletas para transportar pacientes a hospitais e clínicas.


Para importar as bicicletas, a organização pediu ajuda ao Rotary Club de Windhoek, na Namíbia, e adotou o design da canadense Niki Dun. Dun, cofundadora e diretora da organização de caridade Design for Development, baseada em Vancouver, teve uma ideia original: uma bicicleta ligada a uma maca ajustável e que já vinha sendo usada no Malauí, África do Sul e Zâmbia.


Chris Offer, associado do Rotary Club de Vancouver Chinatown, British Columbia, arregaçou as mangas assim que terminou de ler um artigo de jornal sobre o prêmio que Dun havia recebido do governo canadense pela sua invenção. A sintonia era perfeita: enquanto ela precisava de recursos para financiar o projeto na Namíbia, ele tinha meios de conseguí-los.


Atualmente, mais de 70 bicicletas-ambulâncias vêm prestando atendimento com o apoio dos clubes de Vancouver Chinatown e Windhoek e do Rotary Club de Port Moody, British Columbia, em parceria com a Design for Development.


As bicicletas são frequentemente a única opção de transporte de pacientes carentes com problemas que vão de HIV/AIDS a picadas de escorpião. A BEN Namíbia constatou que as bicicletas normalmente são mais eficazes no transporte de doentes a 10 quilômetros de distância de um posto de saúde.


"As bicicletas significam a diferença entre chegar a um hospital ou não", afirma Offer. "Em vez de colocar uma grávida ou um ferido nas costas de alguém, ou mobilizar oito pessoas para carregar o paciente em uma maca, apenas uma pessoa é necessária. Esta é a diferença."

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