26 de julho de 2013

Os seus olhos estão prontos para ver o Rotary em 2020?

Os seus olhos estão prontos para ver o Rotary em 2020?

Não sou o descobridor dos sete mares e não tenho o dom da profecia, sou rotariano com três décadas de caminho percorrido e asseguro-vos que não suspeitava do que é a vista da mocidade tomada da outra margem da vida. Os que envelhecem não compreendem e reconhecem mais o valor das ilusões que viveram e os jovens não dão o valor à experiência que ainda não têm.

O Rotary é como o nobre romano, tem a sua vila dividida em casa de verão e em casa de inverno. Podemos habitar uma ou outra, conforme o vento soprar. Eu direi somente aos mais novos e promissores associados, não receiem a concorrência dos mais veteranos e hão de caminhar e acontecer naturalmente como as estações do ano.

Aos mais antigos, que representam um estado de espírito, não há mocidade perpétua, o nosso privilégio está garantido. Quando se fala da mocidade perpétua de um rotariano, não se quer dizer que não envelheceu, mas a essência do Rotary que ele recolheu e exprime, continua a ser verdadeira. Não é que o rotariano e o seu conhecimento sejam guardados por trás das mesas diretoras, é que a humanidade, sempre jovem, se reconhece sob os traços das novas gerações e vê o antigo associado com o mesmo prazer, talvez até maior do que em sua imagem atual.

Nesta passagem, vale um aviso, às vezes não são as gerações somente que envelhecem, sente-se também envelhecer a humanidade, a manhã torna-se então incrivelmente curta, como nos trópicos, e o perfume da mocidade cada vez mais inapreensível ao calor do sol que levanta. Nos novos tempos que iremos enfrentar, a continuidade do rotarismo será o legado vivo dos companheiros e companheiras que escrevem o Rotary nas páginas da história; mas o futuro do Rotary será escrito lá fora.

As novas gerações precisam do pensamento e da ação dos espíritos rotários que estendem os olhos para todos os lados, uma visão igual do rotariano de ação, igual a todos e sendo discípulo dos novos sem ser mestre, mas transformando as forças individuais em coletivas, na ocupação mais honrosa do trabalho pela extensão do Rotary.

A grandeza e a sublimidade do Rotary estão repelir o concurso rápido e esterilizante das idéias pequenas. O sonho e a emoção do nosso fundador Paul Harris, caminham juntos como um cataclismo por meio dos tempos, infiltrando a mocidade na primavera ou o inverno do mundo.

No ano de 2020, segundo dados do IPEA/SAE/PR (relatório de dez/2012), o Brasil terá aproximadamente 50 mil ONGs, que representarão um orçamento anual de 500 milhões de dólares. O Rotary em 2020, provavelmente, terá em seus quadros um associado, o grande intérprete, um grande explicador do mundo do Rotary, que falará da ilusão inevitável, da perfídia do “riso inumerável” dos mares como Ésquilo ou como Schiller nas Palavras da Ilusão, transformando a tragédia poética em realidade do bem, distinguindo Rotary como uma salvaguarda das misérias do planeta em tempos de obscuridade. E nisso nós rotarianos somos muito bons, habituados às grandes viagens e aos grandes itinerários, desde 1905 como homens do mar, não olhando as ondas que sulcam, olhando para o céu. É do céu e não das vagas, é das nuvens e das estrelas que nos vem à orientação para evitar a perda e chegar ao porto.

As situações de risco das pessoas na próxima década já fazem parte hoje da vida em várias comunidades, a distância destas pessoas que recebem a ajuda do Rotary aos nossos olhos é cada vez menor, muitas ações em curso dos programas e projetos dos clubes rotários convergem cada vez mais para áreas onde vivem e trabalham muitos rotarianos, a implantação do Plano Visão de Futuro da Fundação Rotária elegendo as seis áreas de enfoque: paz e prevenção/resolução de conflitos; prevenção e tratamento de doenças; recursos hídricos e saneamento; saúde materno-infantil; educação básica e alfabetização e desenvolvimento econômico e comunitário, são áreas de atuação dos rotarianos há décadas, como disse o nosso Presidente do Rotary International, Sakuji Tanaka, em sua mensagem de dezembro de 2012.

Neste turbilhão de emoções, onde as pessoas não sabem quem será o último a sair e apagar a luz, somos a presença do Rotary, o companheiro moldado no dom para sentir todas as forças vitais de todos os elementos imperceptíveis, carregados de misterioso fluido que convulsiona a alma, inflama, corrói, clarifica e turba. O rotariano tem ascendência sobre a misteriosa conjugação das aflições humanas e as ondas de salvação do anúncio de um dia seguinte melhor, mais benfazejo, a diástole ininterrupta da respiração do rotarismo salva vidas.

São os seus olhos de rotariano para o ano de 2020, carregados e formados na generosidade, são referência de muitos, como um dos meus melhores amigos. A animação e a alegria capazes de manter um diálogo altruísta são os olhos de rotariano, raros e plurais nas qualidades que estarão presentes em 2020 e continuarão a escrever a história de Rotary no mundo.

O autor é Antonio Augusto Mena Barreto, associado ao Rotary Club de Brasília-Sul, DF (distrito 4530).



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